Simbologia numérica de Pentecoste

Em grego πεντα (penta) significa 5. Na simbologia numérica, o seu sentido é mantido também quando é citado no cinquenta (50). Indica uma plenitude contemplada numa ação de Deus, uma vez que a sua intervenção se repetiu por cinco vezes. Encontramos esta significação em Amós quando enumera os castigos corretivos de Deus a fim de evitar o castigo definitivo, qual será o da deportação, para os samaritanos. A intervenção múltipla, sempre através do número 5, e com o mesmo sentido, se encontra também em Isaias.

Em relação a Pentecostes significa que após Jesus ter esgotado o número das aparições para certificar a sua Igreja quanto à sua ressurreição, Paulo fala de até “a mais de quinhentos irmãos de uma vez” (1Cor 15,6), há uma intervenção definitiva qual é aquela da vinda do Espírito Santo. 

O número 50, segundo a sua combinação numérica (7×7)+1=50 simboliza uma plenitude (7) mais que confirmada pelo próprio símbolo da plenitude que é o número 7 (sete dias da semana da criação, sete sacramentos, sete dons do Espírito Santo). O número 1, somado a 7×7, enquanto aponta para a plenitude que se caracteriza pelo dinamismo de múltiplas intervenções (5), vem a nos lembrar a novidade que a vinda do Espírito Santo traz para a Igreja daquele que, constituído Senhor com poder, pela sua ressurreição dos mortos, em Espírito de santidade o envia do Pai. Ele será o seu Defensor no embate contra o mundo que o Maligno quer continuar a dominar.

Os dons do Espírito Santo.      

Os dons do Espírito encontra-se na sequência segundo a qual os citamos, em Is 11. A sabedoria que é citada como primeiro dom, de fato é a virtude que conseguimos enquanto cultivamos a nossa relação com Deus que, segundo a linguagem bíblica significa conhecimento, isto é plena comunicação de vida com Deus, que em Ef 4,3 é definida como unidade no Espírito com o Pai.

A sabedoria pelo conhecimento começa a ser alcançada pelo aprofundamento da fé, através da contribuição que nós damos ao Espírito Santo, que Cristo Jesus diz ser o Espírito da Verdade, capaz de nos conduzir a toda verdade dando escuta à Palavra. Sendo que a Palavra, por si, é o sacramento do Espirito, como afirma Jesus quando diz a Pedro que suas palavras são Espírito e vida (Jo 6,63), elas promovem no fiel a justificação. Passamos “da fé para a fé” (Rm 1,17). É pelo dom do entendimento, portanto, que isto acontece. É então que o Espírito que está em condição de promover em nós o espírito de conselho, que nos torna capazes de discernir qual é a vontade de Deus, a ponto de realizar as boas obras para as quais Deus nos destinou, com ânimo, vendo quanto nos realizam. O entendimento e o espírito de conselho, também, preparam para o testemunho “da Palavra e de Jesus Cristo”, como nos lembra o Apocalipse. É quem persevera no testemunho que terá parte na herança dos santos.  Aquele que é forte, como o foi São Paulo chegará, pelo dom da ciência, a ter uma compreensão profunda de Deus que lhe será concedida pelo Espírito (1Cor 2,9-10). É o momento em que desabrocha no fiel a verdadeira piedade, o dom do Espírito que dá aos fiel as condições de exprimir com os seus lábios o seu culto a Deus, pelo reconhecimento que o Senhor mele opera maravilhas tendo estendido a sua misericórdia de geração em geração sobre aqueles que o temem (Magnificat, Lc 1,47-50). O homem que cultivou o entendimento, conselho, fortaleza, ciência e piedade é o fiel com quem Deus se agrada, que encontra graça diante dos seu olhos, porque é é um homem temente a Deus: ele se debruça continuamente sobre a Lei de Deus, porque é a sua delícia e o seu prazer. Já o faz porque, por tudo o que ele praticará, se tornará sempre mais sábio, não tendo mais nenhum prazer em “seguir o conselho dos maus, andar pelo caminho dos pecadores e tomar parte nas reuniões dos zombadores” (Sl 1,1). Tornou-se um homem sábio. O Espírito Santo completou nele a sua obra!

Por André CM Carvalho