Em dezembro de 1946 a atenção do Padre foi atraída pelo fato que se celebravam tantas Jornadas pelos objetivos mais variados. Marcou-o, sobretudo, a organização com sucesso de uma Jornada Missionária Sacerdotal. Ele ficou muito contente com isso, mas logo se perguntou se não era o caso de anunciar oficialmente uma Jornada de Santificação Sacerdotal na festa do Sagrado Coração de Jesus.

Rezou longamente, fez celebrar Santas Missas, pediu orações insistentes aos seus e aos amigos para ter luz. Enfim manifestou o seu pensamento à Sagrada Congregação do Concílio e à Direção do “Clero e Missão”. Não só não lhe foi dificultado, mas recebeu nisso encorajamentos.

Apesar destes pareceres dados com autoridade, quis ouvir o Pe. Petazzi. O douto jesuíta o animou à iniciativa, tão querida ao Sagrado Coração e de suma vantagem para os sacerdotes. O Padre se dirigiu também ao seu prezado amigo Dom João Calábria para ouvir seu parecer. O santo homem lhe disse que a Jornada de Santificação Sacerdotal “era uma inspiração do Senhor” e que precisava realizar. Pe. Venturini, sempre solícito pela sua humildade e pela exigência de manter escondida a sua Congregação, fez notar a Pe, Calábria que tal iniciativa punha em vista… Este negou resolutamente, dizendo que eram chegados os tempos em que precisava expor-se e confirmou o argumento com o seu exemplo: “Também eu…!”.

Na Páscoa de 1947 saiu o primeiro folheto de propaganda da Jornada, limitada à Itália. Entre os motivos disso se dizia:

“Não seria oportuno propor ao clero que dedique também um dia, todos os anos, à intercessão junto a Deus para que conceda sempre mais aos seus ministros grandes e copiosas graças de santidade?

A congregação Sacerdotal dos Filhos do Coração de Jesus, surgida com a intenção de ajudar os ministros do Senhor a conseguir a santidade de seu estado, abraçou esta idéia.”

A Jornada foi favoravelmente acolhida pelo episcopado italiano. No ano seguinte, Pe. Venturini lançou, encorajado por Dom Calábria, a iniciativa de uma Jornada mundial. Também com este vasto horizonte, a santa iniciativa teve bom resultado.

O Padre, todo confuso, escrevia:

“Vem-me a vontade de rir pensando que um punhado de religiosos, como somos nós, queira colocar em movimento o mundo eclesiástico…  A Jornada de Santificação terá bom êxito sem dúvida, porque o papa disse que “é necessária”, e depois porque somos os menores e mais pobres religiosos da Santa Madre Igreja, e o Senhor se serve dos pequenos”.

Papa Pio XII todo ano era informado acerca da santa iniciativa: Encorajando Pe. Venturini, muitas vezes lhe disse: “É necessário! É necessário!” Deu o seu total apoio com cartas da Secretaria de Estado. Permitiu que a Rádio Vaticana anunciasse nela o programa. No ano de 1961, ele mesmo escreveu uma oração pela santificação dos sacerdotes para ser rezada na Jornada.

O zelo pelo Sagrado Coração o acompanhou até o limiar da morte. Na pasta das fichas que contém os esquemas dos escritos de iminente publicação, se encontrou um comentário à jaculatória: “Sagrado Coração de Jesus, creio em teu amor por mim!”

A graça mais bela, que ele acreditou ter obtido naquele vasto movimento de devoção ao Sagrado Coração de Jesus, foi a de promover a consagração pessoal de milhares de sacerdotes. Nisso trabalhou bastante, ilustrando com escritos e pregações a prática da consagração. Mas foi retribuído com consolações espirituais.

A Origem.

A INSTITUIÇÃO DO DIA DE SANTIFICAÇÃO

“A Quinta-feira Santa, levando-nos até as origens do nosso sacerdócio, recorda-nos também a obrigação de tender para a santidade, a fim de sermos ‘ministros de santidade’ para os homens e mulheres confiados ao nosso serviço pastoral. Nesta perspectiva, vem a ser muito oportuna a proposta sugerida pela Congregação para o Clero de se celebrar em cada diocese um ‘Dia pela Santificação dos Sacerdotes’, por ocasião da Festa do Sagrado Coração de Jesus ou noutra data mais apropriada às exigências e costumes pastorais do lugar. Faço minha esta proposta, almejando que tal iniciativa ajude os sacerdotes a conformarem-se cada vez mais plenamente com o coração do Bom Pastor” (Carta do Papa João Paulo II aos sacerdotes por ocasião da Quinta-Feira Santa de 1995).

Em 1947, o fundador da Congregação de Jesus Sacerdote, padre Mário Venturini, observou que estavam se difundindo no mundo muitas datas especiais, como os dias dos pais, das mães, dos professores, e pensou: “Por que não há também o Dia do Padre?”. Mas ele verificou que os sacerdotes já tinham uma data a ser celebrada: a Quinta-Feira Santa, dia em que é instituída a Eucaristia e, junto a ela, o Sacramento da Ordem. Ainda assim, ele desejava um dia de calma, para que os padres tivessem a oportunidade de se reunirem com os bispos e refletirem sobre o amor de Jesus, Sumo Sacerdote.

Padre Mário escreveu a todos os bispos da Itália apresentando a proposta do “Dia de Santificação Sacerdotal” na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, ao qual ele era devoto. A acolhida dos bispos foi favorável e, com a aprovação do Papa Pio XII, lançou a proposta em nível mundial e continuou a renová-la anualmente até o dia de sua morte em 1957.

Em 1995, a Congregação para o Clero assumiu como própria a iniciativa e enviou um apelo a todos os bispos do mundo para que celebrassem, em todos os anos, o “Dia de Santificação”. Neste mesmo ano, o Papa João Paulo II escreveu uma carta aos sacerdotes por conta da Quinta-Feira Santa e nela instituiu o “Dia pela Santificação dos Sacerdotes”.